Homem forte de Bolsonaro, deputado federal Filipe Barros diz que Mandetta caiu por “orgulho e soberba”
Modificado em 17/04/2020, 17:35
Um dos principais nomes do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) afirmou que o agora ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido da pasta por ter sido radical demais. O deputado diz ainda que Mandetta tinha uma maneira “orgulhosa e soberba” ao tratar da pandemia do coronavírus.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Tribuna, o deputado afirmou que a troca do ministro da Saúde já era esperada.. “Desde o começo da sua gestão, no ano passado, eu já fazia várias críticas a ele [Mandetta] e agora ele finalmente sai. Ele estava com uma posição extremamente radical”, disse.
“Nós precisamos ter em consideração o seguinte: o ministro da Saúde cuida obviamente da Saúde, essa é a atribuição dele. Só que o presidente tem que enxergar o problema com as mais variadas vertentes possíveis. O presidente da República tem que entender o problema que nós estamos vivendo sob a vertente econômica, social, do desemprego, dos Direitos Humanos… enfim, todas as vertentes. Só que o ministro Mandetta, de uma maneira muito orgulhosa e soberba, simplesmente ignorava esses outros aspectos do problema e colocava exclusivamente o lado dele. Então já era esperada a troca do comando do Ministério da Saúde”, afirmou o deputado.
Sobre o novo ministro, Nelson Teich, o deputado fez elogios. “O novo ministro é um médico renomado, cuja Associação Nacional dos Médicos inclusive aprova o nome dele, e tenho certeza que, daqui em diante, nós teremos uma nova gestão do Ministério da Saúde”, destaca.
Assista a entrevista:
ISOLAMENTO
Na entrevista, o deputado questionou a eficácia do isolamento para reduzir a propagação da Covid-19. “Quando éramos crianças, nós aprendemos que a diferença de um remédio para um veneno é a dose. Não existe comprovação científica alguma de que esse isolamento que nós estamos vivendo seja de fato importante, tenha um impacto efetivo nas ações de combate ao coronavírus. Existem por exemplo vertentes científicas que afirmam o contrário, que afirmam que o isolamento que nós estamos vivendo faz única e exclusivamente prorrogar o tempo de duração da doença em determinada localidade, fazendo com que inclusive aumente o número de mortes”.
Mesmo o isolamento vertical, proposto pelo presidente Jair Bolsonaro, foi criticado. “Não há comprovação científica de que o isolamento vertical funciona, tampouco o isolamento horizontal. Não há uma pesquisa contundente a respeito disso. Nós inclusive já podemos afirmar categoricamente que esse remédio [isolamento] se transformou em um veneno, porque os efeitos da crise econômica já estão sendo perceptíveis aos nossos olhos. Milhares de pessoas já estão desempregadas e empresas estão fechando. O efeito dessa recessão econômica que nós estamos começando a viver vai ser mais grave do que os próprios efeitos da doença”, defende.
DUALIDADE
Segundo Filipe Barros, a preocupação com os aspectos econômicos da pandemia não exclui a preocupação com a saúde pública. “Essa dualidade de que, ou você está do lado da vida, ou você está do lado da economia, é uma dualidade falsa. O jornal O Globo, em novembro do ano passado, divulgou uma pesquisa feita por médicos sanitaristas brasileiros em conjunto com o médicos sanitaristas do Reino Unido constatando que, em 2018, tendo em vista a crise econômica que nós estamos vivendo, naquele momento 31 mil pessoas haviam falecido em decorrência da crise econômica. Uma pessoa desempregada tem mais tendência a entrar em depressão, ter problemas psicológicos e psiquiátricos e, com isso, desenvolver inúmeras outras doenças físicas também. Então, quando nós falamos que é importante a preservação das empresas, da economia e dos empregos, é também levando em consideração a saúde da população”, destaca.