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Mulheres sem-terra vão discutir a violência obstétrica em encontros e atividades de formação

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Escrito por Assembleia Legislativa do Estado do Paraná
Publicado em
Modificado em 05/02/2020, 15:51
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A morte de uma trabalhadora rural de Boa Ventura de São Roque e do seu bebê recém-nascido em decorrência de um parto forçado no mês passado, na cidade de Guarapuava-PR, chamou a atenção do coletivo de mulheres sem-terra do estado do Paraná, que encontra-se reunido esta semana no município da Lapa para planejar sua participação no encontro nacional, a ser realizado em Brasília de 5 a 9 de março, bem como as atividades relacionadas ao 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. Elas pretendem levar esse debate a todos os espaços de discussão dos direitos das mulheres.

O caso de violência obstétrica sofrido pela camponesa da região central do estado motivou o coletivo de mulheres da reforma agrária a propor colocar na pauta da programação desse encontro uma reflexão sobre o tema da violência obstétrica e também sobre o enfrentamento das diversas formas de violência contra as mulheres. “Em pleno século XXI, as trabalhadoras estão sofrendo violência na hora do parto e perdendo a vida, quando esse problema já deveria há muito ter sido superado pelos avanços da nossa sociedade”, critica Maria Izabel Grein da Escola de Mulheres do MST-PR.

Segundo a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), que marcou presença na reunião do coletivo para manifestar seu apoio à luta das mulheres sem-terra, “as mulheres trabalhadoras, pobres, são as mais prejudicadas com os desmontes das políticas públicas sociais e de inclusão”. “Elas são as principais usuárias dos serviços públicos e as primeiras a sofrerem com a falta de acesso ou de serviços para atender a população”, disse Luciana.

A violência obstétrica - Por ter uma gravidez de risco, a trabalhadora rural de Boa Ventura de São Roque fez todo o pré-natal em Guarapuava, cidade pólo da região. A criança, ao nascer, pesava 4,7 Kg. A família atribui os problemas ocorridos à demora em fazer o parto desde a entrada da paciente no hospital. O parto foi forçado, inclusive com o uso de fórceps. Devido aos ferimentos, o bebê não resistiu e faleceu dois dias depois. A mãe, de acordo com os relatos da família, teria sofrido perfurações no útero e em outros órgãos, entrando em coma logo em seguida. Faleceu após duas semanas nesse estado grave.

A trabalhadora rural já havia enfrentado uma situação parecida anteriormente, quando sua filha, então com 15 anos, deu à luz a uma criança por procedimento que os parentes também consideraram demorado.  A demora em nascer, segundo eles, fez com que a criança desenvolvesse problemas de saúde, que se manifestam através de convulsões frequentes. O pai da criança, na época, reclamou da demora do parto e conta que, embora tivesse assumido a paternidade e acompanhasse a mãe o tempo todo, foi ameaçado pela equipe de atendimento do mesmo hospital de ter de responder à polícia sobre sua relação com uma jovem, menor de idade.

A violência dos despejos - Na conversa com o coletivo de mulheres sem-terra do Paraná, a deputada Luciana destacou ainda a importância de se ampliar a representação das mulheres na política, como uma forma de promover mais avanços nas áreas das políticas públicas e da inclusão social. Também destacou a violência dos despejos em comunidades da reforma agrária que acontecem no Paraná. “Contem com meu apoio também nessa luta. Nenhuma conquista da classe trabalhadora na história da humanidade veio de graça. Sempre foi obtida com muita luta e, por isso, também não podemos deixar retroceder”, concluiu.

Luciana ficou de reforçar na Assembleia Legislativa do Paraná a discussão da violência obstétrica, através de uma audiência pública, e de todas as formas de violência contra as mulheres. No ano passado, a deputada participou de audiência pública promovida por iniciativa do deputado Goura (PDT), que integra a Comissão de Saúde da Assembleia, e desde então tem recebido muitas reclamações e relatos de paranaenses sobre situações que envolvem a violência obstétrica.

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