20 anos de Clube da Luta
Modificado em 15/01/2020, 17:44
Uma análise filosófica
Clube da Luta (Fight Club) – distribuído pela Century Fox 20th – é um filme de 1999, dirigido por David Fincher. É um filme considerado por muitos como perturbador e atinge os espectadores por sua radicalidade filosófica. O Clube da Luta questiona nossas obsessões, nossas fobias, hábitos, mostra como nossa espécie é manipulada e influenciada. O filme me pode ser tratado como um estudo da personalidade de uma pessoa que leva o expectador de volta a si mesmo e à sua consciência.
Quando foi lançado, o filme não teve muito sucesso nas bilheterias, mas acabou sendo aclamado pelos críticos e pelo público como um filme cult. Continua sendo bastante popular, talvez exatamente porque provoca os espectadores, e conduz a reflexões a respeito da nossa sociedade e da forma como vivemos.
Clube da Luta e o Consumo
O filme analisa criticamente a publicidade que transmite muitas mensagens. Além da apresentação do produto vendido, as propagandas fornecem uma certa imagem de critérios ideológicos de beleza para homens (geralmente musculosos) ou mulheres (geralmente anoréxicas). A cena que melhor ilustra essa rejeição é a de Brad Pitt e Edward Norton no ônibus. Norton viu um anúncio da Gucci em um ônibus e perguntou a Pitt: "É assim que um homem deve ser?”
É essa capacidade de ser capturada com a sensação de liberdade que Fincher está tentando nos contar através de seu filme. A tese do filme pode ser representada pela frase: "Para total liberdade, recomenda-se uma vida caótica". O personagem de Brad Pitt explica isso na resposta: "Rejeito todas as suposições da civilização, especialmente a importância dos bens materiais".
Anarquia ou Ordem
Identidade dupla. (FONTE: Cultura Genial)
Essas aparições são os primeiros sinais de esquizofrenia do narrador. Tyler é a anarquia, a rejeição da sociedade. Uma cena mostra o comerciante de Tyler na sarjeta e o narrador na calçada, que mostra os dois opostos, um se curvando às regras da sociedade e o outro não. Um se sentindo compelido a não beber, não fazer “coisas erradas”, não gastar dinheiro com apostas online, e o outro procurando justamente a anarquia: a oposição.
A associação deles levará à criação do Clube da Luta, uma espécie de clube subterrâneo que se desenvolveu nas ruas e se estabeleceu em vários locais abertos à noite, especificamente para a luta. O clube possui oito regras, sendo as duas primeiras as mais importantes. Primeira regra: é proibido falar sobre o Clube da Luta. Segunda regra: é proibido falar sobre o Clube da Luta.
Cenas dentro do clube (FONTE: Exame)
Depois de participar de lutas de forma ilegal em bares à noite, O Clube da Luta vai ganhando cada vez mais participantes e se estendendo por várias cidades. Assim, começam a aparecer na porta de Tyler, recrutas dispostos a seguir cegamente suas ordens. Assim, o Clube da Luta se torna uma organização anti-materialista e anti-capitalista que luta pelos oprimidos. As tarefas serão confiadas aos membros do clube, que gradualmente se tornarão o ponto de partida do Projeto Mayhem. O objetivo é destruir as empresas de cartão de crédito para excluir os arquivos dos devedores, para que todos comecem do zero, o que produzirá o caos.
Entre uma das passagens mais importantes do filme, é a parte que ocorre a mutilação, aquela em que Tyler joga ácido na mão do Narrador. É uma passagem importante quando se percebe que ambos são uma pessoa só.
Chuck Palahniuk , autor do livro, comentou em entrevistas que, após o lançamento do filme, recebeu muitas cartas de pessoas dizendo que haviam iniciado Clubes da Luta em suas cidades onde homens se reuniam para lutar. Esse fato parece ter relação com uma frase dita no filme pelo narrador: "Estava na cara de todo mundo, Tyler e eu só tornamos visível. Estava na ponta da língua de todo mundo, Tyler e eu só demos um nome".