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Igrejas usam as redes sociais para celebrações em meio à pandemia do coronavírus 

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Escrito por Sílvia Vilarinho
Publicado em
Modificado em 26/03/2020, 14:15
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Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus e com o isolamento em casa, as redes sociais estão ainda mais frequentadas. Em um espaço onde tantas fake news são espalhadas, existe também a opção de encontrar conforto e esperança para enfrentar a crise causada pela doença. Após a suspensão das missas e cultos, como medida de prevenção para evitar a propagação da Covid- 19, os padres e pastores ficaram online para atender os fiéis.

O movimento nas redes sociais durante as orações é tão grande, que até surpreendeu os religiosos. Uma família lá de Salvador por exemplo, acompanhou um terço que era celebrado pelo padre Alexandro Freitas, da Paróquia Cristo Sacerdote, de Apucarana.

Para o padre, foi muito difícil o momento da suspensão das missas. “ É para o bem deles, para saúde. Mas ficar sem eucaristia não é fácil. Fiquei impacto e até um pouco triste ter de rezar no último domingo com a igreja vazia. Mas o bondoso Deus nos livrará logo dessa pandemia,” disse.

O sacerdote já usava a internet para refletir o evangelho, mas não com frequência. Agora todos os dias está ao vivo. “A repercussão tem sido incrível, tem atingido meus paroquianos, mais também gente de longe, tive uma família de Salvador rezando o terço comigo. Na verdade esse tempo tem sido um profundo retiro espiritual pra todos nós. Tenho repetido nas lives tanto do terço quanto na missa diária, que quando estamos em oração não estamos sozinhos. Tenho oferecido dois horários ao vivo nas redes sociais, as 19h com terço e missa todos os dias às 20h. Tenho recebido muitos pedidos e intenções. Pois nesse período de isolamento e impossibilidade de os fiéis participarem da eucaristia essa forma online nos aproxima, ” comenta.

Reinventar, essa foi a palavra usada pelo padre Fernando Rodrigues Caldeira, da Paróquia Santo Ântônio de Pádua, do distrito do Pirapó. “Temos que nos reinventar celebrava missas todos os dias, agora transmitir a missa, é consciência de que não estamos sozinhos. Nós somos a Igreja, o que nos reúne é o amor em Cristo.”

O padre também percebeu que mais pessoas estão participando das missas online. “Eu celebro presencialmente todos os dias na paróquia uma missa as 06h30 da manhã, sempre aproximadamente 40 pessoas vão até a paróquia. Agora com a pandemia, continuo celebrando, agora as 19h30, pela internet e todos os dias mais de 100 pessoas online acompanham. Quando não podemos, aí queremos. Quando não podemos, damos valor.  Vamos passar por esse problema juntos e lembrar que isso não dura para sempre, a única coisa que dura para sempre é o amor de Deus, ” ressalta. 

Padre Paulo Sidnei da Rosa, da Paróquia Cristo Profeta, nunca imaginou transmitir uma missa sem o povo presente, mas alguns fiéis encaminharam fotos a ele, o que deu ainda mais força para evangelizar nesse momento tão difícil. “Senti uma dor como padre não celebrar as missas como o povo, mas é necessário tomar todos os cuidados e incentivar o povo ficar em casa, para evitar a propagação do vírus.  Nunca imaginei celebrar dessa forma, mas a repercussão está sendo muito boa. Percebo que durante as transmissões as famílias estão reunidas em casa, mandam as intenções. Me lembro de um versículo ‘Buscai ao Senhor enquanto é tempo, enquanto ele se deixa encontrar. ’ Talvez hoje valorizamos o que tínhamos em disposição. As vezes deixamos de ir para missa, deixamos de buscar Eucaristia, deixamos de buscar encontro de Deus na casa do Pai. Que isso nos sirva de lição, quando passar, é tempo de buscar a Deus” 

O Padre Douglas Felipe, da Paróquia Nossa senhora Aparecida de Iguaraçu  também está celebrando sozinho as missas na igreja e transmitindo ao vivo pelas redes sociais. “Com muita dor no coração suspendi as Santas Missas com fiéis após o decreto do Senhor Bispo. Eu como Assessor Diocesano da Comunicação e por ser um padre jovem estou sempre inserido nos meios modernos de comunicação inclusive nas redes sociais, e me surpreendi com a repercussão das transmissões,” ressalta o padre.

O sacerdote ainda acredita que pessoas que não estavam indo para a igreja, agora estão participando das celebrações online. “Agora neste período de isolamento social, se muitos que não iam a igreja em tempos de paz e tranquilidade agora se veem como obrigados a rezarem em suas casas, fazendo de fato o lar uma pequena comunidade, diante de tantas notícias ruins o que acaba gerando um clima de tensão, temor e receios começam a buscar acalento,” detalha. 

IGREJAS EVANGÉLICAS TAMBÉM ESTÃO ONLINE:

Pastor desde 2002, Cleverson Junior de Freitas da Comunidade Cristã de Apucarana também está usando as redes sociais para realizar os cultos e percebeu a grande participação das pessoas. 

“ Eu creio que fomos pegos de surpresa, todos os segmentos, crianças jovens e adultos, todos de surpresa da disseminação do coronavírus no mundo. Como igreja nos sujeitamos as medidas do governo, prefeito, autoridades da saúde, conforme as recomendações fomos atendendo. Na igreja participam pessoas de Apucarana e de toda região, reunimos por domingo aproximadamente mil pessoas, tanto de manhã quanto a noite nos cultos. Até então o uso das redes sociais era mais para compartilhar conteúdo. Agora usamos para transmitir o culto. O culto online já contou com a participação de mais de quatro mil pessoas, pessoas de vários lugares do Brasil e também que moram em outros países estão acompanhando, ” explica. 

O pastor ainda ressaltou que é importante não deixar o medo tomar conta do coração. “ O templo fechou, mas a igreja não, a igreja é viva e atuante. Podemos ser igreja de uma maneira diferente. Reuniões online, nós cremos que é um tempo diferente, difícil, mas que vai passar, ” disse.

 O pastor da Igreja Só o Senhor é Deus, Itamar Silva, conta que ficou em choque quando precisou suspender os cultos. “Desde que eu nasci meu pai já era Pastor desta mesma Igreja e nunca pensei que fossemos passar por isso. No momento estamos realizando cultos via online, orando e abençoando nosso povo de Apucarana e do Brasil, as participações ao vivo são inúmeras, mas não se compara a cuidar das pessoas frente a frente. Essa decisão é complexa ao meio evangélico porque se mantemos a igreja aberta somos negligentes se fechamos nos falta a fé. Então nos resta juntar forças as nossas autoridades na soma da nossa Fé, para que esse mal vá embora. Agir conforme está descrito nas escrituras sagradas: ‘Somos Fortes e já Vencemos o Maligno,’” finaliza. 
 

Foto por Reprodução


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