Professora de Apucarana conta como superou e aceitou a esquizofrenia do filho
Modificado em 25/05/2019, 09:11
Aceitar o diagnóstico e buscar ajuda o quanto antes é fundamental para o tratamento de uma pessoa com esquizofrenia. A afirmação é de uma mãe que descobriu a doença no filho quando o garoto tinha apenas 14 anos, logo após o primeiro surto.
A professora apucaranense Julia Paula Felite Lemos, de 40 anos, contou que começou a perceber um comportamento diferente no filho João Vitor Felite Teixeira: ele se isolava, falava e ria sozinho, mas ficou realmente preocupada quando o garoto passou a ouvir vozes. “Meu filho falava que era um arcanjo, que tinha um demônio atrás dele, que ele precisava provar que amava Deus. Falou que teria que se matar. Foi quando ele teve o primeiro surto. Isso me deixou apavorada. Procurei ajuda no posto de saúde que me encaminhou ao Caps e então ele foi diagnosticado com a esquizofrenia”, relembra.
Após a confirmação da doença, Julia disse que ficou ‘sem chão’ e que não conseguia aceitar o problema do filho. “O começo foi muito difícil. Esse período de negação é muito complicado. É um transtorno que não tem cura. Quando eu falava para as pessoas que meu filho tinha esquizofrenia, elas ficavam com medo dele”, detalha.
Segundo a mãe, buscar ajuda no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) foi fundamental. Com a medicação, o filho estabilizou e vem reagindo bem ao tratamento. Ele parou de ouvir vozes, de ter alucinações e hoje, aos 18 anos, vive uma vida praticamente normal.“É muito importante buscar ajuda, aceitar logo o diagnóstico. Sei que a doença não tem cura, mas tem controle. Hoje ele está estabilizado, só tem algumas limitações. Com o tempo aprendemos a lidar com elas”, destaca a professora.
Julia vem enfrentando atualmente um câncer de mama. Ela retirou uma das mamas e se prepara para encarar a radioterapia. Apesar de sua luta pessoal, ela também luta para tentar acabar com o preconceito que existe em torno da esquizofrenia. “Já ouvi muitas coisas. As pessoas têm medo, acham que não dá para conviver. Acham que um portador de esquizofrenia é louco, que deve ficar internado, que vai atacar alguém, mas não é bem assim. Quando a gente tem uma doença grave, que pode tirar a vida da gente, como o câncer, temos que erguer a cabeça e lutar. Por isso quero falar sobre a esquizofrenia, quero quebrar esse preconceito”, ressalta ela.
Para levar informação para as pessoas, Júlia realiza hoje, com apoio de parceiros, uma panfletagem. A ação irá acontecer na Praça Rui Barbosa, das 8h às 12h e remete ao Dia Mundial da Pessoa com Esquizofrenia, comemorado ontem.
A psicóloga e especialista em saúde mental e atenção psicossocial de Apucarana, Karinne Nathalie Mareze Carleto, explicou que esquizofrenia é um transtorno mental grave e persistente que causa alucinações visuais e auditivas, pensamento desorganizado, bem como delírios e alterações no comportamento e dificuldades nos relacionamentos interpessoais. Porém, há tratamento através de medicações. “Os sintomas se desenvolvem ao longo dos meses e anos. Por isso, é importante o diagnóstico para começar o tratamento da forma correta”, orienta.