Até o fundo do poço
Modificado em 03/04/2020, 15:57
Quem está em cima só pensa em si.
Já os que estão mais embaixo, vivem com uma única esperança: que as sobras, os restos de comida dos de cima sejam o suficiente para que possam comer.
Os que estão ainda mais abaixo, fazem de tudo para continuarem vivos.
A luta humana contra o seu egoísmo, falta de empatia e, principalmente, ganância, pode nos levar do mais alto grau de altruísmo até o, literalmente, fundo do poço.
Por outro lado, só quando encaramos de cara o nosso pior, podemos atingir o nosso melhor.
Sim, esse texto é sobre O Poço.
Dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, O Poço (The Platform) é um terror psicológico espanhol lançado pela Netflix em 2020. Seu elenco conta com Ivan Massagué, como Goreng, Zorion Eguileor, como Trimagasi, Antonia San Juan, como Imoguiri, Emilio Buale, como Baharat, e Alexandra Masangkay, como Miharu.
Goreng é um fumante que deseja parar com o vício, como tantos no mundo. Porém, para conseguir fazê-lo, ele se submete a passar seis meses em uma espécie de prisão, chamada de "O Poço".
Ao acordar nela, nosso protagonista descobre que está no andar de número 48 da "prisão". No meio da cela, um vão onde se pode ver incontáveis andares, tanto para cima quanto para baixo.
Os de cima não falam com os de baixo. Uma vez por dia, uma plataforma desce por todos os andares. Nela, a refeição diária. Quem está no primeiro piso, come o que quiser. Os que estiverem abaixo, o que sobrar, e assim por diante.
Quem está em cima, tem privilégios. No meio, sobras e restos. Para os de baixo, a fome.
Ao ver o mais novo filme da Netflix, que já conta com uma nota 7,0 no IMDB, podemos chegar em diversas abordagens e interpretações. Mas a mais clara, com certeza, é a diferença entre classes sociais.
Enquanto os que estão lá em cima esbanjam e não pensam nos de baixo, aqueles que estão no fundo poço veem a violência com normalidade, como acontece no dia a dia de muitos.
Os que vivem na bonança não olham para o andar inferior, fingem que a carnificina diária não existe. Mas quando os papéis se invertem, o anteriormente oprimido, faz o mesmo.
O Poço é um filme obrigatório para entender um pouco sobre o mundo ao nosso redor, mas principalmente, compreender os cantos mais escuros da humanidade.